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Clepsidra

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São Bernardo do Campo, 17 Nov. 2020 às 21hs30. (Inspirado em: “Intervalos de Tempo” de Monike Sachie ) Poema de: Rerismar Lucena Sou como cronógrafo quebrado... Todas às vezes que tentei alçar voo, estive parado. Com o ar rarefeito, escasso. Viajei por montanhas, planícies e imagens Em busca de sensações sutis, de paisagens À margem do tempo e do espaço. Minha bússola apontando horizontes Eu exaltando as montanhas, os montes Passando por debaixo de pontes Onde sei que não me encaixo. Onde meu relógio perde o compasso Na estrutura de um corpo dormente. Meu coração não mais no automático Talvez já não me seja mais prático Vibrar quão minúsculo cristal de quartzo. Fenológicos processos se encerram Já não habito planícies ou montanhas de ferro, Cortados por rios de metais pesados de aço. --------------------------------------------------------------- Enf

Digressão de Maria

        ‘São Bernardo do Campo – SP, em 24 de maio de 2018. Poema de: Rerismar Lucena de Morais’   Maria anda bem vestida Mal chegou desconfiada — Vem de onde? Não disse nada Foi-se embora, arguida.   Cabelos soltos, rosto ao vento Sorriso fácil, inebriante Olhar tímido, desconcertante... Por onde andará seu pensamento.   Amiúde , intermitente paixão — Pulsar de um coração ausente — Sínodo do amor, inconstante.   Amores que passam, em vão Estado constante de divagação... — Devaneios torpes da mente!   Rerismar Lucena

Força questionável

  ‘São Paulo - SP, em 26 de junho de 1995,   às 15hs55’. Poema de: Rerismar Lucena de Morais   O questionável ofusca A mente delimita o estado A loucura indecisa do ato, Desamparado.   O forte, fraco é! E são tão fortes e fracos... A força também se reduz, Não conduz.   Que força estranha que é Conduz o fraco ao fracasso No delinear de um ato, Abstrato. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Eis a carga de aflição.   Rerismar Lucena

Discreto sonhador

  ‘Uiraúna – PB, em 26 de abril de 1989, às 20hs10’.   Poema de: Rerismar Lucena de Morais   Deslizando através do tapete. Não voa. Não corre. Enfim, Não sai do lugar.   Estreito corredor Cauteloso sonhador; Saqueador de paciência de vida alheia.   Surpreendido pelo horror Desprotegido pelo pavor De minúsculas projeções na porta:                                   Que não é sua vida.   São sombras preenchidas Por espasmo de vida Que o faz sonhador. ---------------------------------------------------- E mais uma vez, não crê que sonhou!                                Rerismar Lucena  

O Substrato da utopia (soneto)

  São Bernardo do Campo, 12 jul. 2020 às 22hs40. Poema de: Rerismar Lucena   Na base essencial, do ser que repousa A utopia do normal, — do instante; O substrato da matéria [ir]relevante Torna-se acerba, e a moral obtusa.   Se algo acontece, a partir de fatores De uma realidade positiva, agravante Num relativismo social, constante Dos confins da eclusa, de tempos motores.   Como domar o futuro Liquefeito No suster da inflexão da vida Revirando, árduas feridas?   Se o altruísmo cultural que prospera, Nada mais é que, o desapontar de uma era Da infalibilidade de tempos imperfeitos.                                                  Rerismar Lucena