Os Pássaros São Livres? [O Arbítrio]

A Liberdade Em Cativo

PARTE III:

 

São Bernardo do Campo, 22 Fev. 2021 às 01hs25.

Texto de: Rerismar Lucena

 

 Não existe livre-arbítrio. O que existe é a própria vontade ao alvedrio da subsistência humana. Da luta incessante, do ser pensante, para garantir a sobrevivência material perpetrada pelo intelecto, no qual o arbítrio é servo. Potencializada pela razão, como instrumento da vontade.

No início dos tempos, o ser humano lutava de forma precária por sua existência. O desenvolvimento de seu intelecto ao longo dos tempos, cria a dicotomia entre o bem e o mal, e normas como valores morais para orientar o agir a compulsão da vontade, — que por vezes animalesca e predatória, diante do suplício da existência; da angústia de ser um ser que se percebe e pensa. A ambivalência humana surge das necessidades de sobrevivência. Ao transcender seus limites, ganha relevância e inteligência, se diferencia entre os animais da espécie hominídeo. Distingue-se dos demais, se isola em pequenas comunidades e grupos sociais para garantir sua preservação, seu domínio.

Porém, a evolução da sociedade em grupo cria a provisão do controle de seu impulso lascivo e irracional. E as demais características, já inerentes ao ser, se desenvolve sempre na perspectiva do eu que existe e domina; empenhado apenas na sobrevivência, subjugando os demais. Se antes era a subjugação de um ser físico, com a evolução de suas capacidades inteligíveis, o domínio sobe as esferas do intelecto e do ser-espírito.

Com o avanço dos mecanismos mentais, da capacidade de resolver, compreender e julgar, o ser humano busca dar sentido as coisas, criando regras e dimensões ao universo do pensar fenomenológico. Busca a experiência prática das coisas. A compreensão a partir dos sentidos cognitivos para absorver o conhecimento, e, com isso, implementar padrões de domínio.

Padrão esse desenvolvido sob um conjunto de regras sistematicamente organizadas, com base em pensamentos e ideias interligadas a fatos ou circunstâncias contextualmente elaborados para gerar um teor moral, e assim, criar a percepção artificial do bem e do mal. Focalizam ideias que afiam o pensamento direcionado. Moldam coisas e situações; alteram a essência dos fatos para subjugar o intelecto distraído; à consciência e a personalidade do coletivo.

O ser-espírito é cativado pelos prazeres sensoriais da concupiscência dos olhos, que macula a pureza do coração e os conduzem a soberba da vida. Da beleza e encanto de um mundo aparente, moldado no desejo e na ambição desmedida.

“A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz” (Mateus 6:22)

“Para abrir os olhos dos cegos, para libertar da prisão os cativos e para livrar do calabouço os que habitam na escuridão.” (Isaías 42:7)

 

(Rerismar Lucena, 22 Fev. 2021).

 

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