Morfose temporal

São Bernardo do Campo, 25 Fev. 2021 às 10hs55.
Poema de: Rerismar Lucena


O sempre a devir,
De um sempre já passado.
O sempre começo presente
Em tempo abrupto abstrato.

Abre-se em estase o começo
O ávido passado do encontro
Transtorna a relação de tempo
O êxtase frustro do desencanto.

Em tempo outrora, o vivido
O não acontecer, o presente
Movimento infinito do tempo
Afastado do lugar e do momento.
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A distância é o tempo imaginário.
A ausência, o começo.
A presença, um encontro que ainda está por vir.

                          (Rerismar Lucena, 25 Fev. 2021).


Nota:
Inspirado no livro: “O livro por vir” de Maurice Blanchet.

“Essa distância imaginária (o tempo) em que a ausência (vazio que antecede o começo) se realiza e ao termo da qual o acontecimento apenas começa a ocorrer, ponto em que se realiza a verdade própria do encontro (a presença)” (2005, p.13, grifo meu).

 Devir - Vir a ser, transformar-se, tornar-se, metamorfosear-se (Fr. devenir)

 Estase - [Figurado] Falta de capacidade de ação em quaisquer circunstâncias, paralisação ou entorpecimento.

 Ávido - Que espera ansiosamente pela realização de alguma coisa; sôfrego.

Transtorna - Alterar a ordem de; revirar.

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